05/08/2005

SILÊNCIO

Avisto ao longe o silêncio avaro e sereno,
Que de mim se acerca - do meu imenso nada!
Surge escondido em espesso nevoeiro ameno,
Calmo e sorrateiro, como a brisa, leve, da madrugada;

Invade meu mundo, tão minúsculo, tão pequeno,
Que não comporta a aridez mofa, abafada.
E, nem a voz da minha alma – o meu aceno,
Faz esse imune desgrenhar-se na alvorada,

Foge! Corre! P’ra que me serve um alcatraz
Que só passeia pelas sombras do pecado?
Um condor que espalha a dor e é capaz

De seduzir qualquer dilema descuidado!
Como pode a minha alma estar em paz
Quando sente que esse silêncio é um tornado.


João Catarino Ribeiro

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